sexta-feira, 13 de março de 2009

Divindade de Jesus Cristo



O tema da divindade de Jesus Cristo e, por extensão, da revelação entre o Pai e o Filho nos textos neotestamentarios, é serio e delicado. Assim, impõe uma reflexão de igual seriedade e profundidade. O que está em jogo é simplesmente todo o edifício da nossa fé e a concepção da nossa salvação.
A) Se Jesus Cristo não fosse Deus, suas palavras seriam representação de Deus, mas não seriam divinas. As palavras de Jesus Cristo equivaleriam às palavras de Buda, Confúcio, Maomé. Suas ações, paixões e paixão seriam padecidas por causa de Deus, mas não padecidas por Deus mesmo, o que faz uma grande diferença em termos teológicos. Pois, se Deus não tocou por dentro a vida, a morte e o sofrimento, nossa salvação fica seriamente comprometida e, até, questionada. No entanto, a recusa da afirmação direta Jesus Cristo é Deus poderia ter sentido e razão teológica se significasse e implicasse o desejo de dizer: JESUS É PLENAMENTE HOMEM; ou JESUS NÃO É DEUS COMO O PAI É DEUS; ou ainda DEUS É DEUS Também na boca e no coração de Jesus Cristo. Nos textos neotestamentarios, vemos claramente que os evangelistas tiveram cuidado de mostrar sempre que Jesus não se confundia e nem se superpunha ao Pai, mas que era uma pessoa diferente dele.
B) Dizer simplesmente Jesus é Deus, sem supor a humanidade do próprio Jesus, pode ser herético, pois significa negar todo o processo da revelação e da salvação. Se não fizermos nenhuma distinção, se não reconhecermos nenhuma alteridade, nenhuma diferença entre as pessoas divinas – se afirmarmos equivalente e simetricamente Jesus é Deus, assim como afirmamos o Pai é Deus – acabaremos por afirmar e identificar Jesus é o Pai, comprometendo nosso entendimento do Novo testamento. Não podemos esquecer como diz a prof. Maria Clara Bingemer que Deus não é predicado de Jesus. Nele, Deus é sujeito.
As razões da nossa dificuldade estão talvez no habito que temos de pensar a unidade pessoal como identificação, abolindo ou excluindo a alteridade? Como a unidade pode subsistir em e com 3 pessoas, sem que estas se identifiquem? Mas essa identificação não implica necessariamente uma uniformização, trata-se de uma identificação no amor que, pelo contrario, inclui as diferenças e delas se enriquece. A teologia do Novo Testamento dá bom testemunho disso, uma vez que toda ela é cristologica, centrada em Cristo. A linguagem sobre Deus implica a linguagem sobre Cristo Por outro lado, a Cristologia do Novo Testamento é teocêntrica. Ainda assim, como é possível afirmar Jesus Cristo é Deus? Deus no Novo testamento é o Pai de Nosso Senhor Jesus cristo. Jesus Cristo é o Filho de Deus que nos salva. Ora, se Jesus Cristo é Deus, Deus é um de nós, está no meio de nós. E seu Reino, seu projeto, sua utopia não são coisas celestes, longínquas, inatingíveis. Ao contrario, já estão no meio de nós e fazem parte de nossa vida e de nossa historia.
( Prova de Cristologia - Marcia Calmon)

terça-feira, 10 de março de 2009

O Pecado

A existência do pecado se caracteriza pelo fechamento na própria subjetividade, e pela ruptura das 4 relações fundamentais. A existência de Jesus Cristo é vivida na abertura dessas 4 relações que são elas: Com Deus, com o meio ambiente, com o outro e com a gente mesmo. Fechado em si mesmo o pecador rejeita o outro como outro,relacionando-se de maneira instrumentalizadora e coisificante. Reduz também a mera instrumentalização o relacionamento com o meio ambiente, incapaz é de perceber o seu rico valor simbólico e opta por viver na mentira em relação à própria realidade, uma vez que falsifica as relações básicas do ser humano. Seguindo a tradição eclesial, o pecado é falta de amor. E pode ser entendido como deturpação do sentido do Senhorio de Deus na criação. Ele é desumanizante porque desfaz as relações humanizantes das 4 dimensões de relacionamento humano, e na medida em que é rejeitada a proposta do Deus da Vida e do Amor a respeito do que deveria ser a humanização em conformidade com Jesus Cristo. O pecado afeta nossas vidas, porque nos fechamos ao Dom do Amor de Deus à nossa salvação. É aí que reside o carater mais profundamente desumano do amor.